A Santa Casa da Misericórdia foi fundada a 17 de Abril de 1947, época em que foi constituída uma comissão instaladora que, transitoriamente, passou a gerir o Hospital de Santa Cruz, de fundação já antiga, e em funcionamento à data.

Este Hospital foi criado por alvará régio de D. João VI em 22 de Dezembro de 1813 e confirmado em 1824. O seu suporte financeiro advém de um legado pio de António de Sousa Freire, no valor de 4 contos de reis e do rendimento de propriedades agrícolas do mesmo benfeitor. Estava localizado à entrada da vila, vindo de Santarém, nas instalações da Albergaria do Espírito Santo, ou Casa dos Pobres, como também é referido o estabelecimento na Memória Paroquial de 1758.

O registo mais antigo de uma instituição assistencial no «lugar de vale Cartaxo» é a Carta de Aforamento de D. Sancho II, de 1225, doando a sua terra reguengueira a Pêro Pacheco, seu chanceler, com a obrigação de nela instalar uma albergaria para os moradores pobres e para os viandantes que nela necessitassem de pernoitar.

Embora com hiatos documentais em vários períodos, por usura do tempo, desastres ou incúria humana, crê-se, contudo, que a tradição de assistência, no Cartaxo, se tenha mantido, de forma mais ou menos constante, mesmo quando as condições materiais tenham sido menos favoráveis.

Os primeiros Estatutos da Misericórdia do Cartaxo definiam, entre outras, como competências da Instituição:

• «Apoiar a maternidade e a primeira infância»;
• «Proteger velhos de ambos os sexos através de asilamento»;
• «Cooperar com as famílias por meio de dotes para casamento, subsídios para habitações higiénicas;
• Sopa para pobres e indigentes;
• Socorros médicos ao domicílio, combate à tuberculose e sezonismo, socorros urgentes;
• Protecção a expostos e desamparados;
• Enterramento de pobres e indigentes.